segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Público Gay

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Por Renata Daibes

De repente ouço: eu não frequento o shopping Frei Caneca porque não gosto do público. Penso, talvez não seja bem o público, talvez seja a música, as lojas, ou a distância que aquele shopping ou cinema ficam de minha casa. Mas o que eu finalmente sou forçada a ouvir é: não gosto do público gay.

O que será público gay? Alguém todo fantasiado, de saia, te aliciando no banheiro? Ou pessoas comuns, que trabalham, pagam suas contas e impostos, que são médicos, engenheiros, garçons, empresários, fotógrafos, advogados, dentre outros? A primeira alternativa não se refere ao público gay, ao meu ver, e sim a algum personagem de programa de humor, onde os gays são sempre personificados como “seres engraçados”, exóticos ou sexuais. Já a segunda se refere aos gays, aos héteros e todos nós, seres humanos, que lutamos para viver nesse mundo que destruímos aos poucos e aos muitos.

Será que tudo isso é o medo do diferente? A chacota, o bullying, aquele colega que vive às custas de maltratar os demais, será que não se esconde dentro de uma capa de medo e timidez de mostrar quem realmente ele é, seja gay ou não? A nossa sociedade criou artimanhas para sustentar o preconceito. Acreditamos que nossos filhos não podem jamais ser gays ou andar com gente “desse tipo”. São más companhias, emanam energia negativa, não são de Deus. Ou então viram bichos de zoológico: venham conhecer meu amigo gay, ele é lindo e incrível e super engraçado!

E ainda existem preconceitos dentro de outros, como fazer comentários do rapaz que trabalha no escritório e que nunca apareceu com namorada. Mas e quando se trata do dono da empresa, que também é gay, mas paga o seu salário, é simpático com você e para todos é um bom chefe?

Não venho por meio deste texto dizer que os gays estão acima do bem e do mal, mas sim dizer que pessoas somos iguais: com sentimentos, defeitos, qualidades, questionamentos. Então, porque que eu posso me casar, ter filhos, ter um emprego, sair de mãos dadas na rua, frequentar um shopping e alguém que goste de pessoas do mesmo sexo não pode?

O sexo é sempre assunto, os amigos e família querem saber com quem estamos ou não transando. Mas um casal hétero, com o casamento fadado ao fracasso, sem sexo há tempos e mantendo aparências, não é visto como anormal para a sociedade? Observamos tanto o comportamento do outro e não olhamos nossa própria vida. Hipocrisia constante.

Quem a gente pensa que é para diminuir alguém ou para ser melhor que o outro por causa de nosso perfil sexual? Também, é melhor ir com calma na luta porque muitas vezes nós, que tanto fugimos do preconceito, nos tornamos preconceituosos às avessas ou chatos de plantão.

Acredito em um debate ainda muito necessário, mas que o final seja uma igualdade que não precise de discussão. Que vejamos beijos gays nas novelas e não nos assustemos e nem necessariamente digamos que lindo!! Que casamento gay seja apenas a união de duas pessoas que se amam e não precisem ainda ficar levantando bandeira para se afirmar. Que possamos fazer uma festa com gays e héteros e não nos preocupemos se haverá piadinhas ou desconfortos. E cada um se preocupe em cuidar da sua vida se preocupando em dar espaço ao outro.

E fazendo um desabafo mais do que pessoal, tenho pessoas que amo demais que são gays e outras tantas héteros, então me poupem de comentários desse tipo ao meu redor. Isso definitivamente não cria diferença entre elas para mim. Grata!

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