quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Pendure no pescoço e rode por aí.


Por Vanessa Hassegawa

Em tempos que confundem liberdade de imprensa com difamação e “bullyng” é utilizado como substituto da palavra preconceito, ainda acredito no equilíbrio. E peço desculpas à minha timidez para dizer que estou “me achando” hoje.

Sem misturar conceitos vanguardistas e novas gírias, o Carne Moída foi posto na rua. Um investimento de poucos reais e excessivamente criativo colocou o centro de São Paulo e algumas pessoas queridas entorno de uma cerveja , risos e prazeres. 

Nessa simples intenção de por um precioso minuto em qualquer câmera levou à cena 32 minutos, 32 obras de arte. Todos eles compactuaram com a coragem de jovens - de 20 a 30 e poucos- que acreditam na arte de forma acessível e carregada de organicidade.

A proposta do Carne Moída de reunir criadores que tivessem produzido vídeos de até “1 minuto” não tem nenhum ineditismo, mas não estamos falando de pioneirismo e sim, da acentuação do ego em sua melhor forma. Uma ode à carne de segunda, um louvor a obras de quem acredita que a sua arte está dentro. Todos podem literalmente pendurar sua “melancia no pescoço” e aparecer por aí. 

Amigos e meu amor* (já que essa crônica é uma verdadeira rasgação de seda às pessoas queridas e quase um alter-ego, afinal um gostinho de minha pesquisa sobre as "encantadas" da Amazônia paraense também esteve lá) acordei sentido que nós artistas da cena fora do circuitão temos que agir fazer e desfilar.

Comprem ou não nossa arte de bullyng alheio. Porém, saibam que nossa liberdade de expressão não ofende as moças ricas do pop brasileiro e a imprensa. Lanço um decreto: Vamos moer nossa carne de segunda e fazer muitos pratos principais!

Veja isto:




Obs: Encantada é um trecho de meu projeto de videodança sobre mito, lendas e feminilidade das ilhas do Pará. Este vídeo foi gravado na Ilha de Algodoal  e contou com captação, edição e trilha de Ruy Lessa (o “meu amor” mencionado acima).





quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Senta e Espera

Daqui: http://tempo-ao-tempo.tumblr.com/


Por Renata Daibes

A vida nem sempre atende às nossas expectativas momentâneas. Estamos à espera de respostas, de notícias e parece que elas estão demorando uma eternidade pra chegar.
Enquanto isso, vamos vivendo, fazendo as pequenas escolhas do dia-a-dia, seguindo nosso curso, mascarando aquela expectativa imensa que tá quase explodindo dentro da gente.
E como esconder a ansiedade? Respirar fundo e continuar seguindo em frente? Dá vontade de sair correndo de casa, falar tudo pra todo mundo, aquilo que tá engasgado, ou resolver todas as pendências que precisam de um ano pra se resolverem, tudo em um dia só. Mas as coisas não funcionam assim.
Só estou assimilando agora (depois de muito penar) que o tempo é muitas vezes senhor da nossa vida. Nem sempre adianta nos anteciparmos, criamos situações. Esse senhor virá e falará “agora fica sentadinha e espera, não adianta ficar correndo atrás sempre, eu que vou agir e decidir quando é melhor pra você que algumas coisas aconteçam.”
Às vezes planejo, crio, invento. E mesmo assim, me vejo depois esperando uma resposta que demora parece séculos a vir. E quem está por perto fala “lê um livro, vai fazer uma aula, estudar, tira o foco disso que ajuda a passar o tempo”. Desfocar é a palavra.
É o teste da paciência, da compreensão, da calma.