quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Não sei lidar

Christina's World, 1948
Andrew Wyeth (Americano, 1917-2009)
Obra exposta no acervo do Moma, NY

Por Renata Daibes

Talvez nunca aprenda, nem sei se existe uma maneira de aprender. Mas eu ainda não aprendi a lidar com a morte.

Seja aquela morte que vemos numa notícia, seja de um amigo de um amigo, ou de um parente próximo, aquilo fica martelando dia, meses e, dependendo do caso, anos dentro da minha cabeça.

Fico imaginando os últimos dias, pensando Será que a pessoa sabia que ia morrer? Como foi a última vez que falou com as pessoas que mais amava, como foram os últimos minutos e o que será que ela sentiu no momento exato?

Soube recentemente da morte da minha diarista, que na verdade fazia seis meses que eu não a via. Por motivos financeiros, decidi dar conta de tudo por aqui eu e o noivo desde o começo do ano. Quando recebi a notícia há duas semanas, fiquei muito triste e, de novo, pensativa. 

Pensei nas últimas vezes que ela veio aqui, nas nossas conversas, nas histórias que ela contava da Bahia e sobre o filho de nove anos que ela amava tanto. Lembrei dela pra lá e pra cá aqui em casa, arrumando tudo, limpando. Lembrei do dia a dia, pensei nela pegando ônibus pra ir e vir, nos afazeres diários e, de repente, tudo isso acabou. Eu não encontraria mais com ela, nem ouvirias as histórias, as pessoas que cruzavam com ela na rua ou no elevador não cruzarão mais. E assim as coisas se vão.

Penso também nas diferenças entre uma situação e outra. Lembrei de uma grande amiga que morreu de repente, assim como minha diarista. Lembrei de meu avô que ficou naquele vai e vem entre hospital e casa durante muito tempo. É a mesma dor, mas de formas diferentes. O fato da despedida ou não, a distância física, isso não muda o fato da falta que a pessoa faz em minha vida. Fico pensando, divagando, filosofando mil coisas.

E esse texto acaba assim, sem um final conclusivo, porque para mim a morte ainda é uma coisa inexplicável, apesar de acreditar em algo melhor depois desse inferno que muitas vezes vivemos aqui. Vamos em frente, criando, fazendo planejamentos e tentando viver um dia de cada vez.

Um comentário:

  1. Cabocas queridas,

    Mas que caboquice mais bacana este blog de vocês duas.
    Tem uma postagem lá no Espaço Aberto, apresentando o "Las Caboclas".
    Sucesso e muitos acessos.
    E tomara que esta rima seja uma solução.Hehehe.
    Abs.

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